Algumas pessoas acham que eu escondo minha condição de diplomata, ou que eu teria alguma restrição ao fato de ser apresentado como tal.
Isso não é bem verdade, do que é prova, aliás, todos os blogs (por acaso figurando na coluna da direita) que explicitam essa condição, assim como a exigência que é feita em muitos artigos publicados de se colocar a condição profissional.
Se dependesse apenas de mim, é verdade, eu nao colocaria essa condição, ou situação, ou profissão (seja lá o que for), não por alguma restrição mental em relação a ela, mas por simples razões de validade argumentativa e proteção, justamente, contra certos rótulos que nos são impingidos de fora, a partir de uma condição declarada.
Explico-me melhor.
Eu, como todos sabem, estou sempre escrevendo e publicando, inclusive sobre temas que não deveriam, normalmente, frequentar as "aparições" públicas de um diplomata, normalmente um funcionário discreto da burocracia de Estado, respeitoso dos códigos escritos e não escritos da reserva e da confidencialidade.
Acontece, simplesmente, que quando estou desenvolvendo argumentos ou opiniões que têm a ver com aspectos mais gerais do que a simples diplomacia, ou até sobre aspectos propriamente diplomáticos, quero que meus argumentos sejam tomados pelos que eles contêm de objetivo, pela sua validade intrínseca, não pela qualidade ou condição de quem os expressa. Argumentos devem se sustentar por si mesmos, e por isso evito, sempre quando posso, mencionar essa condição quando falo ou escrevo para um público mais vasto.
Não que eu tenha preconceito ou vergonha de minha condição, na verdade são as pessoas que mantêm idéias feitas sobre determinadas categorias de pessoas. Se elas sabem ou são avisadas de que ali está um diplomata falando, podem logo dizer: "Mas esse sujeito está apenas transmitindo a versão oficial do problema, ele está defendendo essas posições porque é um diplomata chapa branca, está a serviço deste governo".
Ora isso deforma ou distorce completamente o sentido de meus argumentos. Quero que eles sejam tomados em si mesmos, sem que minha condição influencia sua recepção. Ou seja, quero que a pessoa "dona" dos argumentos seja ignorada.
Esta era, alias, a posição de Machado de Assis enquanto crítico: olhar apenas a obra, e esquecer quem escreveu.
Acho que me fiz claro...
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